segunda-feira, 1 de julho de 2013

Resumo "Catequese Renovada"

CATEQUESE RENOVADA
(Comemoração dos 30 anos, em 2013)
Documento da CNBB, 26, aprovado na 21ª Assembleia Geral, em 1983.

Este documento é resposta aos apelos do Papa João Paulo II em sua vinda ao Brasil em 1980.
Ele disse: “A catequese é uma urgência. Só posso admirar os pastores zelosos que em suas igrejas procuram responder concretamente a essa urgência, fazendo da catequese uma prioridade” (Fortaleza, 10/07/1980).
É importante fazer da catequese uma prioridade nas comunidades.

I PARTE: A catequese e a comunidade na História da Igreja

As mudanças na história podem ajudar a revitalizar a catequese hoje.
Do séc. I ao V, a catequese era de iniciação à fé e vida de comunidade.
Surge o catecumenato como iniciação na vida cristã.
Os fundamentos eram: fé, esperança, caridade, Palavra, celebrações e testemunho.
É importante entender que comunidade e catequese caminhavam juntas.
Do séc. V ao XVI o rumo da catequese foi outro: a cristandade.
A catequese era de imersão na cristandade e educação da fé feita pelas instituições.
A aprendizagem era individual, com pouca ligação com a comunidade.
Catequese mais como instrução para dar clareza à fé em tempo de reforma.
Catequese centrada nos catecismos com textos para ensino.
Houve grande influência do iluminismo e uma fé mais da razão.
No séc. XX foi-se redescobrindo na catequese a iniciação cristã e a comunidade.
Surge uma catequese mais comprometida com a libertação.
Houve esforço de renovação no conteúdo, método, sujeito e objeto da catequese.
Mons. Álvaro Negromonte usou o método integral, de formar cristãos íntegros.
Surgiram também Institutos para a formação de dirigentes da catequese.
Passou a unir fé e vida, dimensão pessoal e comunitária, instrução e educação etc.

II PARTE: Princípios para uma catequese renovada
Renovação da catequese para responder os novos desafios da cultura.
Para isto, a catequese precisou ter sólido fundamento na Palavra de Deus.
Ela é “fazer ecoar” (Kat-ekhéo), fazer escutar e repercutir a Palavra de Deus.

1. Revelação e Catequese
Deus quis revelar-se a si mesmo, tratando-nos de amigos.
A revelação acontece na Palavra, nos gestos e fatos como linguagem.
Podemos dizer que Deus usa duas linguagens: Palavra e acontecimentos.
Entendamos: O que Deus quer comunicar, a quem e que obstáculos encontra.
Está claro que Ele quer comunicar a si mesmo, sua presença e amor.
A dificuldade está na recusa da comunicação de Deus e de seu amor.
Com a revelação Ele deixa de ser “Deus escondido” e mostra o seu rosto.
A revelação de Deus é um processo e não um simples ato.
A lentidão de Deus em se revelar depende de nós, lentos para entender.
É um processo em que Deus vai educando seu povo com pedagogia.
A revelação foi transmitida de forma oral e depois, por escrito, pela bíblia.
A bíblia conta fatos e neles entendemos a revelação de Deus.
No caso do fato da Aliança, interpretamos toda a História da Salvação.
O fato maior e definitivo vem de Jesus Cristo, que revela o amor de Deus.
Em Jesus Deus se dá a si mesmo e sua Palavra se torna carne.
Jesus é a plenitude da revelação e não há necessidade de novas revelações.
Pelas palavras de Jesus, a ajuda do Espírito Santo e da Igreja, Deus se torna acessível.
Jesus se torna pedagogia de Deus no anúncio da fé e na vivência de seus apelos.
Todo o mistério do Pai foi revelado em Jesus Cristo para a intimidade com Ele.
O Espírito Santo faz ressoar na Igreja e no mundo a voz do Evangelho.
Voz que conserva na Igreja a Tradição, a Escritura e o Magistério.
Aí estão a Palavra, os sacramentos, a oração, a liturgia e as manifestações de fé.
Tradição por ser fiel à origem e progride na compreensão da doutrina, na caridade etc.
Também porque faz crescer a fé do povo de Deus com fidelidade ao Evangelho.
Tradição e Escritura são como um todo, que procedem de Deus para o bem da fé.
Fé que é opção de vida, uma adesão de toda a pessoa a Cristo, a Deus e a seu projeto.
Ela faz o cristão ser missionário, passando a pregar o Evangelho com coragem.
Deus que se revela é o próprio Deus criador, aquele que inquieta nosso coração.
Unidade entre projeto salvífico de Deus e as aspirações humanas, salvação e história.
Deus continua falando aos homens em Cristo, pelo Espírito, nas mediações.
A catequese pode ser entendida como “educação ordenada e progressiva da fé”.
Ela deve assumir as angústias e esperanças do homem de hoje para libertá-lo.
Assumir as situações históricas e as autênticas aspirações dos homens de hoje.

2. Exigências da Catequese
A primeira exigência da catequese é a fidelidade ao Plano de Deus.
Por isto, deve levar a força do Evangelho ao coração da cultura e das culturas.

2.1. Fidelidade a Deus e ao homem
Esta fidelidade deve ser a Deus e ao homem como atitude de amor.
Para Puebla, a fidelidade deve ser a Deus, à Igreja e ao Homem.
O conteúdo da catequese deve ter integridade e autenticidade evangélica.

2.2. Fidelidade às fontes
 Sua fonte está na Revelação, de onde vem a sede de verdade e vida.
A Revelação chega até nós pela Sagrada Escritura e pela Tradição viva da Igreja.
Por isto deve ser dada especial atenção à Sagrada Escritura como fonte da catequese.
Importa respeitar a natureza e o espírito da Revelação bíblica na integridade.
A catequese deve ler os textos bíblicos com a inteligência e o coração da Igreja.
Abrir aos catequizandos o livro da Sagrada Escritura, tendo por centro o Evangelho.
Isto leva ao contato com a Palavra de Deus e à compreensão dela.
Essa Palavra tem sua ação santificadora de Deus na liturgia.
A Palavra vivenciada na liturgia pode ser entendida como catequese em ato.
Acompanhar a Palavra nos tempos litúrgicos é ocasião privilegiada de catequese.
Expressão privilegiada da fé da Igreja acontece no Credo, Símbolo dos Apóstolos.
O Credo resume o conteúdo da fé da Igreja e é fonte segura da catequese.
Ele deve ser memorizado e aprofundado nos encontros catequéticos.
 A catequese presta atenção também aos sinais dos tempos, ao sensus fidei.

2.3. Critérios de unidade, organicidade, integridade e adaptação
Empenha também na busca de uma sociedade mais solidária, fraterna e justa.
Não basta a autenticidade da catequese, mas tem que ser unitária, orgânica e integral.
A unidade se faz ao redor da Pessoa de Jesus Cristo, o cristocentrismo.
Cristocentrismo não só de ser centro, mas de adesão à sua Pessoa e Missão.
A integridade do conteúdo significa ação ampla e explícita.
Os cristãos têm direito de receber a Palavra da fé sem mutilação.
A falta de integridade do anúncio da Palavra esvazia a própria catequese.
Além disto, levar em conta as condições históricas e culturais a catequizar.
Também a linguagem deve ser adequada aos homens e tempos de hoje.

2.4. Dimensões da catequese
Uma catequese com as dimensões cristológica, eclesiológica e escatológica.
No eclesiológico temos o comunitário, vocacional, missionário, ecumênico.
Vê o homem nas dimensões antropológica, existencial, histórico, política, libertador.
Há uma dimensão permanente da catequese que atinge todas as etapas da formação.

2.5. Em métodos diversos o mesmo princípio da interação
É preciso investir na metodologia catequética, evitando improvisações e empirismo.
Uma catequese de interação, unindo experiência de vida e formulação da fé.
Tendo em conta a vivência e prática atual e o dado a Tradição.
Deve existir uma interação entre o Evangelho e a vida concreta.
É uma interpelação recíproca, que precisa ser vivenciada na catequese.
Tudo deve criar uma unidade profunda dentro do Plano de Deus.
Só uma integração da fé e da vida poderá levar a uma verdadeira libertação.
Não podemos cair no formalismo, desequilíbrio entre vivência e doutrina.
A autêntica catequese é sempre inicial, ordenada e sistemática da revelação de Deus.

2.6. Lugares da catequese
Isto acontece na comunidade cristã: família, paróquia, escola, CEBs, associações.
Em ambos devem aparecer a caridade e a comunhão como lugares de vida.
A catequese é processo permanente: crescendo o homem, deve crescer o cristão.
O papel da família, dos pais, é fundamental nos critérios da fé dos filhos.
É importante o ensino religioso nas escolas despertando experiência religiosa.
São diferentes ensino religioso e catequese no relacionamento cultura e fé.
Os grupos, movimentos e outras associações sejam maduros na fé.
Os recursos dos MCS devem ser utilizados no serviço da catequese.
O uso dos MCS deve levar à formação de uma consciência crítica.

2.7. Catequese segundo idades e situações
A educação da fé deve ser permanente, organizada e adaptada à realidade.
A catequese de adultos deve ser incisiva e coerente em sua proposta.
Uma catequese que deve seguir o ano litúrgico e acontecimentos da vida.
Na catequese de formação das crianças, a família tem um papel fundamental.
A formação litúrgica é fundamental na vida das crianças, adolescentes e jovens.
A formação de crianças e jovens deve levá-los a viver e atuar na vida da comunidade.
Uma catequese que desperte para a dimensão vocacional como chamado de Deus.
Despertar o gosto pela oração, pelo silêncio, o senso crítico, a solidariedade.
A criatividade, a liberdade, a responsabilidade, a dar razão de sua fé e os valores.
A doutrina seja anunciada na medida da prática cristã da vida na comunidade.
O mais importante não é a doutrina, mas o envolvimento comunitário.
Os deficientes físicos e mentais sejam totalmente integrados na comunidade cristã.
A comunidade deve prestar atenção e procurar meios adequados para esses casos.

2.8. Missão e formação do catequista
O catequista deve apresentar os meios para ser cristão e a alegria de se viver o Ev.
Ele comunica através do testemunho de vida, da palavra e do culto.
Provoca inserção na vida da comunidade de forma livre e responsável.
Para tudo isto são importantes as Escolas Catequéticas para formação.
Escolas que levem o catequista ao processo de transformação do mundo.
O catequista tem sua missão no grupo de catequistas para ajudar na formação.

2.9. Textos e Manuais de Catequese
Os manuais de catequese devem ser iluminadores da comunidade.
As primeiras fontes da catequese foram os fatos e as palavras de Jesus.
É importante entender que o uso de manuais não deve substituir a bíblia.
Devem apresentar textos bíblicos selecionados com instruções sobre o uso.
Tenham clareza doutrinária para ajudar na educação da fé.
Os “planos de aula” tenham diferentes objetivos e métodos relativos à fé.
Um único manual para todo o Brasil seria inviável e inadequado.

III PARTE: Temas fundamentais para uma catequese renovada

O temário fundamental da catequese é a bíblia, ligando fé e vida.
Os temas apresentados têm sua fonte principal no Doc. de Puebla.
Um deles é a situação do homem dentro da realidade do mundo de hoje.
Outro é o desígnio da salvação de Deus na História narrada pela bíblia.
A salvação tem início na criação pelo que Deus nos faz em Cristo para a vida.
Isto supõe a verdade sobre Cristo, a Igreja e o Homem, comunhão e participação.

3.1. A situação do homem
No processo da salvação, o homem se torna parceiro de Deus.
Mas rejeita o amor de Deus, rompe a unidade e deixa penetrar no mundo o mal.
Surge o egoísmo, orgulho, ambição, inveja, injustiça, dominação, violência etc.

3.2. Os desígnios de salvação de Deus
3.2.1. A verdade sobre Jesus Cristo
Diante de tudo isto, a bíblia nos apresenta a promessa do Salvador e revela Cristo.
Isto Deus realiza numa longa história com sua mão poderosa de Pai.
O centro de toda a história é Jesus Cristo, vindo para restaurar toda ordem temporal.
O Verbo, gerado desde sempre, fez-se homem e habita entre nós e nos une ao Pai.
A encarnação é o mistério da humanidade e da divindade de Jesus Cristo.
Compartilhando a vida do povo, Jesus anuncia o Reino de Deus com ações e palavras.
O Reino não é utopia, mas libertação concreta, e chega à plenitude na glória celeste.
Em suas atitudes, Jesus revela o amor de Deus e seu caminho é também nosso.
Jesus exige de nós um seguimento radical, fazendo-nos parecidos com Ele.
O sacrifício de Jesus, o caminho do seu ministério, tornou-se causa de nossa vida.
Como ressuscitado, fez nascer o Homem novo, e continua em nosso meio.
Pelo Espírito Santo, Jesus continua sua presença salvadora no mundo, na Igreja.
O Espírito Santo nos reúne em comunidade e nos faz viver no Plano de Deus.
Cria unidade na diversidade de dons, dando impulso missionário para a Igreja.
Deus que se revela em Jesus Cristo e no Espírito Santo é Deus de comunhão, trino.

3.2.2. A verdade sobre a Igreja
Jesus fez nascer a Igreja como de instituição divina, depositária e transmissora do Ev.
O objetivo de Jesus é o Reino, tendo a Igreja como fonte e germe de seu crescimento.
A Igreja é o Povo de Deus indo para o Senhor, não como massa, mas como fermento.
A razão primeira da Igreja é a salvação, que acontece no desempenho de sua missão.
Ela é divina, mas no mundo; apostólica e atual; católica e local; uma e múltipla etc.
A Igreja é sacramento de comunhão, que vem da água, da Palavra, do ES e da adesão.
O pecado dificulta a comunhão, exigindo constante caminho de conversão.
As divisões contradizem a vontade de Cristo e é escândalo para o mundo.
Deus se comunica através de sinais e a Igreja é sinal sacramental de sua ação.
São sete os sacramentos na Igreja como sinais sensíveis e eficazes da graça de Deus.
Batismo: nascimento, entrada na vida divina e na Igreja como cristão.
Eucaristia: alimento da vida cristã e participação no mistério da morte de Cristo.
Confirmação ou Crisma: testemunha de fé no Cristo Ressuscitado e ação do ES.
Reconciliação ou Penitência: celebração do perdão após o pecado.
Unção dos Enfermos: presença da graça no sofrimento, doença, morte.
Ordem: serviço cristão especial, administração dos sacramentos.
Matrimônio: amor conjugal, estabelecimento da família cristã.
Os Sacramentos santificam o homem, glorificam a Deus e alimentam a fé.
Todos eles são o memorial da morte e ressurreição de Cristo, da Páscoa.
A liturgia é o ápice e a fonte da vida eclesial acontecida nos Sacramentos.
Dentro da liturgia temos o Ano Litúrgico como celebração do mistério de Cristo.
A Eucaristia é a prática da justiça na vida da comunidade.
Ela significa e realiza a unidade da Igreja e seu crescimento.
É importante o destaque de Maria e sem ela não tem como falar de Igreja.
A Igreja a venera como Mãe muito amada, com afeto e piedade filial.
Ela é Mãe da Igreja, porque é Mãe de Cristo e nossa Mãe em Jesus Cristo.
Na Evangelização, Maria é Mãe e educadora da fé em nossa cultura.
Maria acreditou com uma fé que foi dom, abertura, resposta e fidelidade.
É para nós exemplo de virtude e caminho de santidade da Igreja.

3.2.3. A verdade sobre o homem
O homem se afastou de Deus pelo pecado, mas foi redimido em Cristo.
Com isto, a Salvação é dom de Deus, que exige resposta do homem.
Deus nos criou sem nossa participação e não nos salva sem nossa cooperação.
No mistério da salvação, todas as pessoas precisam cooperar e colaborar.
O uso do dom da liberdade dignifica nossa condição humana.
O pecado tirou-nos a liberdade, recuperada no perdão e no amor de Deus.
Somos responsáveis pelo nosso destino, por uma lei colocada em nosso coração.
Seguindo fielmente a Lei de Deus, somos dignificados como pessoas.
Pecar é agir contra a consciência e contra Deus, causando dano a si mesmo.
As situações sociais de pecado corroem a dignidade do homem.
Pelo Mistério Pascal, Cristo nos reconciliou com o Pai e continua nos perdoando.
Pela Unção dos Enfermos somos aliviados no sofrimento e fortalecidos na doença.
Mesmo passando pelas fraquezas do pecado, somos destinados para a vida eterna.

3.3. Os compromissos do cristão
A fé é adesão e obediência à vontade de Deus que nos interpela para a missão.
A nossa resposta à fé é dom de Deus sob a moção do Espírito Santo.
Fé não é ideologia, mas adesão à pessoa de Jesus Cristo e à sua mensagem.
Não é adesão a princípios morais, mas a atitudes no plano de salvação.
Fé animada pela caridade e presente no compromisso social.
Isto exige maturidade confirmada na Crisma e na presença do Espírito Santo.
A fé só cresce quando participamos da vida da comunidade eclesial.
Ela tem expressão viva e motivadora nas celebrações litúrgicas.
Assim a pessoa de fé se torna construtora da história da comunidade.
História conforme a práxis de Jesus, de corresponsabilidade na ação.
Essas lutas de transformação devem ser celebradas na Eucaristia.
No contexto eclesial, a Igreja precisa sempre se auto evangelizar e converter-se.
Na Igreja cada um é chamado a um serviço (vocação) dentro da comunidade.
No Sacramento da Ordem temos os bispos, os presbíteros e os diáconos.
Temos na Igreja os religiosos, que testemunham uma vivência evangélica radical.
Vivemos a fé, em primeiro lugar, na família, “Igreja doméstica”.
A lei do amor conjugal deve ser comunhão e participação, e não dominação.
A graça do matrimônio ajuda a superar conflitos, dificuldades e tentações.
O trabalho é útil e dignifica o homem dentro da ordem: “Dominai a terra”.
O homem é o sujeito, o autor e o fim do trabalho, transformado em gesto litúrgico.
O amor fraterno exige formar estruturas sociais e política global.
A fé deve ordenar todas as atividades sociais e políticas.
Toda a Igreja deve ter responsabilidade por uma política do bem comum.
O cristão não pode ser omisso diante das injustiças, mas exercer sua função política.
É importante estar num partido político, sabendo que ele não é o todo; pluralismo.
A opção pelos pobres é sinal de autenticidade evangélica e sinal messiânico.
Os pobres merecem dos cristãos uma atenção toda especial em sua condição.
Eles têm um potencial evangelizador, pois nos interpelam à conversão.
Sendo solidário com os pobres, devemos superar o “ter mais”, e “ser mais”.
A raiz da pobreza é social, fruto de injustiça e desrespeito aos direitos humanos.
Trabalhamos por uma sociedade mais solidária e fraterna, mais justa.
Na busca da paz, devemos construir uma nova ordem social.
Vivemos um crescente pluralismo religioso e ideológico e depende de diálogo.
O diálogo entre os que têm a mesma fé em Cristo une esforços de ação.
Devemos seguir o exemplo e a coragem dos Santos na construção do Reino de Deus.
A verdadeira comunhão só vai acontecer no encontro definitivo com o Pai.

IV PARTE: A comunidade catequizadora

A catequese é processo dinâmico na educação da fé e itinerário formativo.
O estilo catecumenal tem que estar unido a uma vivência comunitária litúrgica.
São etapas prolongadas de iniciação à vida cristã seguindo passos pedagógicos.
Inclui: conversão, fé em Cristo, vida em comunidade, sacramental e compromisso.
Não basta planejar se não há integração da comunidade com o Evangelho.
A caminhada na educação da fé deve durar a vida toda, sem limite de tempo e lugar.
É preciso formar comunidades catequizadoras na construção do Reino de Deus.

4.1. Exemplo de itinerário catequético de uma comunidade
Elementos: união entre os membros; abordagem da realidade; vida eclesial; fé.
Esses elementos crescem quando a comunidade caminha em sua própria história.
A oração em comum e a leitura da Palavra de Deus formam comunidades unidas.
Forma-se uma devoção popular a Nossa Senhora e aos Santos como forças de união.
A força de unidade da comunidade é concretizada com a leitura da Palavra de Deus.
A reflexão da Palavra de Deus faz com que a figura de Cristo tenha mais peso.
Com isto cresce a colaboração e a solidariedade entre os membros da comunidade.
Os problemas pessoais e comunitários começam a ser assumidos coletivamente.
Surge o passo da formação social e descoberta das raízes do mal que atinge a todos.
Aparecem gestos públicos: defesa dos direitos humanos, denúncias, mutirões etc.
A fé caminha na busca de cursinhos bíblicos e maior formação de consciência.
As celebrações passam a ser mais comprometidas, unindo fé e vida comunitária.
Outro passo desafiante é assumir tarefas sindicais, políticas e empresariais.
É importante a descoberta da presença do cristão no mundo temporal e transformá-lo.
As comunidades cristãs devem ser portadoras de critérios baseados no Evangelho.
Aparece a importância da articulação dos movimentos sociais: associações, sindicatos.
É o momento realmente catequético, da decisão de fé explícita e madura.
É a consciência de que “sem Jesus nada o homem pode fazer”; “nele tudo pode”.
Momento em que Jesus é visto como Filho de Deus, Senhor e Salvador.
É preciso reconhecer o pecado como raiz dos males na sociedade e exige conversão.
A conversão leva a uma nova maneira de ser e ver como povo de Deus.
Tudo supõe uma adesão total a Jesus Cristo fazendo-nos salvadores com Ele.
O Evangelho e sua realização constituem para os cristãos sua razão de viver.
A catequese acontece por passos até chegar a “novos céus e nova terra”.

4.2. Que fazer quando ainda não existe comunidade?
O processo catequético acontece na interação entre comunidade e Evangelho.
Muitas pessoas são desligadas da comunidade eclesial, mesmo sendo batizadas.
Com elas é preciso pregação e contatos de interesse em diversos campos.
Aproveitar as ocasiões especiais que atraiam a todos na comunidade.
De fato, a comunidade é condição indispensável para o processo catequético.

Conclusão
Vimos os rumos, princípios, exigências, temas e perspectivas da catequese.
A afirmação é de que a catequese é um processo de educação comunitária.
Ela é permanente, progressiva, ordenada, orgânica e sistemática da fé.
A finalidade da catequese é a maturidade da fé, já na terra e termina na eternidade.
Para isto devemos invocar o Espírito Santo, primeiro agente da Evangelização.
Invocamos N. S. Aparecida, grande catequista, a sustentar a fé e a esperança do povo.

Fonte: Documento da CNBB, 26
Síntese feita por Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba.

Fonte:http://robertocatequese.blogspot.com.br/2013/06/catequese-renovada-comemoracao-dos-30.html?spref=fb

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

“Neste momento, existe em mim, muita confiança”, disse o Papa na última audiência pública


O cardeal Raymundo Damasceno, presidente da CNBB, estava presente na última audiência pública do Papa Bento XVI que reuniu cerca de 200 mil peregrinos na manhã desta quarta-feira, 27 de fevereiro, na Praça de São Pedro.
Apesar do frio, o sol brilhava. Ao entrar na Praça, o Papa fez um giro abençoando a multidão que agitava bandeiras de várias partes do mundo e cartazes com mensagens de apoio como “nós estamos todos do seu lado”. Nesse percurso, dom Georg, o secretário particular, levou várias crianças para que recebesse um beijo do Papa. O veículo chamado “papamóvel”, depois de passar por todos os corredores na Praça, subiu até o centro da plataforma que fica diante da Basílica Patriarcal de São Pedro aonde realizou sua catequese costumeira.
O início da audiência foi marcado pela proclamação de um trecho do primeiro capítulo da Carta de São Paulo aos colossenses. Em seguida, o Papa agradeceu a numerosa presença de fiéis, disse que estava comovido e que via a “Igreja viva”. Agradeceu e disse que “abraçava” toda a Igreja. Prometeu levar a todos por meio da oração. “Neste momento existe em mim muita confiança”, disse o Papa. Lembrou o dia 19 de abril de 2005 quando assumiu o ministério petrino, quando ressoaram as palavras: “Senhor, por que me pede isso?”, mas como considerou a vontade de Deus, aceitou. Bento XVI disse que 8 anos depois pode afirmar que Deus esteve sempre presente e atuante.
O Papa disse que sempre soube que o barco da Igreja não é nosso, mas é de Deus e Ele não vai deixar esse barco afundar. “Gostaria que cada um sentisse a alegria de ser cristão”, disse o Papa. O dom da fé é o dom mais precioso que temos e que ninguém pode nos tirar, reforçou Bento XVI. Ele disse também que um papa nunca está sozinho na condução do ministério petrino. Considerou a ajuda dos cardeais, o secretario de estado e todos da Cúria. “Um pensamento especial à Igreja de Roma, minha diocese”, referiu-se ao povo da diocese afirmando que em seus contatos, esteve muito próximo a todos como pai.
Expressou gratidão ao Corpo Diplomático da Santa Sé e aos serviços de comunicação que favorecem a comunhão da Igreja no mundo inteiro. “O Papa pertence a todos e muitas pessoas se sentem próximas dele”, sublinhou. Disse que recebe cartas de pessoas ilustres, mas também recebe mensagens de pessoas simples que o tratam como membro de um corpo vivo, o corpo de Jesus Cristo. Num tempo em que muitos falam de declínio da Igreja, ele sente a força da Igreja.
O Papa recordou que ao perceber a diminuição de suas forças não pensou no seu próprio bem, mas no bem da Igreja. “Amar a Igreja significa também fazer escolhas difíceis”, declarou. Bento XVI lembrou que quem assume o ministério petrino abre mão de sua vida particular, porque não pertence mais a si mesmo: “pertence a todos e todos pertencem a ele”. O Papa garantiu que não volta a uma vida privada com a movimentação normal, mas permanece no ambiente de São Pedro. E, por fim, agradeceu a todos que compreenderam a sua decisão e repetiu que repetiu que continua acompanhando a vida da Igreja.
Bento XVI, no final de sua palavra, pediu a todos que rezem pelos cardeais na escolha do novo Papa. E terminou com uma declaração fraterna e carinhosa: “Caros amigos: Deus guia a sua Igreja”. Seguiu-se um longo aplauso.

Operário da vinha do Senhor


Dom Murilo S.R. Krieger, scj
Arcebispo de São Salvador da Bahia e Primaz do Brasil
Vaticano, Praça de S. Pedro, 19 de abril de 2005. Fiéis do mundo inteiro estavam lá, com os olhos fixos napequena chaminé da Capela Sixtina. Quando apareceu a fumaça branca, todos explodiram em grito de alegria, na certeza de que o novo papa havia sido eleitoOs sinos da Basílica começaram a tocar. Pouco depois, foi proclamado “Habemus Papam” (Temos Papa!) e foi anunciado o nome do sucessor de João Paulo II: Cardeal Joseph Ratzinger, que escolheu o nome de Bento XVI. O novo Papa apareceu na sacada da Basílica, com um semblante sereno e tímido, acenou para a multidão e, como que pedindo desculpas por estar ali, disse suas primeiras palavras como sucessor de Pedro: “Sou um humilde operário da vinha do Senhor!”
Nessa sua auto-apresentação estava resumido o que ele pretendia fazer como sucessor de Pedro. O novo “operário da vinha do Senhor” sabia que não tinha o jeito de João Paulo II – isto é, a popularidade e a espontaneidade do papa polonês. Mas essa é a maneira de agir do Espírito Santo: sopra onde quer e como quer, não se repetindo, e escolhendo para cada momento da Igreja um “Pedro” diferente.
Grande teólogo e profundo conhecedor dos desafios da Igreja, Bento XVI sabe apresentar as riquezas do Evangelho de forma simples e objetiva. Sua primeira encíclica – “Deus caritas est” (Deus é amor) – comprovou isso: “Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele (1Jo 4,16). Essas palavras da Primeira Carta de João exprimem, com singular clareza, o centro da fé cristã... O amor de Deus por nós é questão fundamental para a vida e coloca questões decisivas sobre quem é Deus e quem somos nós” (DC, 1 e 2).
Bento XVI tem a capacidade e a coragem de apontar a todos as exigências do seguimento de Cristo.Falando, por exemplo, a jovens, disse-lhes ter consciência de que só os conquistaria para Cristo se lhes falasse a verdade: “Os santos são os verdadeiros reformadores do mundo... Só dos santos, só de Deus provém a verdadeira revolução, a mudança decisiva do mundo... Não são as ideologias que salvam o mundo, mas unicamente a volta ao Deus vivo, que é o nosso criador, a garantia de nossa liberdade, a garantia daquilo que é realmente bom e verdadeiro... E o que nos pode salvar, a não ser o amor?... Não construímos para nós um Deus pessoal, um Jesus pessoal, mas cremos e nos prostramos diante daquele Jesus que nos é mostrado pelas Sagradas Escrituras e que na grande procissão dos fiéis chamada Igreja se revela vivo, sempre conosco e, ao mesmo tempo, sempre diante de nós” (20.08.05).
O Bispo de Roma, sucessor de Pedro, tem como missão ser o sinal visível de comunhão na Igreja. Entende-se, pois, a surpresa que tomou conta da Igreja e do mundo ao ser divulgada, na manhã da última segunda-feira, dia 11 de fevereiro de 2013, sua renúncia ao ministério que exerce. As razões que apresentou para essa decisão foram claras: “Minhas forças, devido à idade avançada, já não são idôneas para exercer adequadamente o ministério petrino... Para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor esse que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado”.
Imagino quanta oração, reflexão e sofrimento precederam essa decisão, tomada conscientemente e com plena liberdade. Admirador de sua pessoa e de seus textos, e conhecendo-o pessoalmente desde 1985, sofri com sua decisão, mas a compreendi. Fica para nós o seu exemplo de humildade e de realismo: sentindo que não está mais em condições de exercer a função de “operário da vinha do Senhor” que havia assumido, renunciou, para não prejudicar a missão da Igreja. Ficam para nós seus ensinamentos, revestidos de uma imensa paixão por Jesus Cristo. Ficam para a Igreja seus livros sobre Jesus de Nazaré, que apresentam o Cristo vivo do Evangelho – o Cristo a quem Bento XVI dedicou sua vida e a quem quer servir agora na oração.